domingo, 19 de dezembro de 2010

PERSONAGEM DA VIDA REAL

César Martins
Do fracasso ao sucesso


A vida do gerente comercial César Martins, de 45 anos, até parece enredo de filme hollywoodiano. Desde cedo conheceu o que era derrota, e o fracasso foi por muito tempo seu companheiro constante. Aos 7 anos de idade, juntamente com os pais e mais duas irmãs, deixou a cidade de Gravatal, no interior catarinense, com destino a Joinville, em busca de uma vida melhor.

As imagens da infância não são nada boas. “Lembro que andávamos cerca de 4 quilômetros para ir à escola, isso debaixo de chuva ou sol e sem nenhum conforto, já que usava pregos nos chinelos para segurar as tiras e que furavam meus dedinhos”, relembra.

Com a vida difícil que a família levava, aos 9 anos de idade ele começou a vender picolé e laranja para ajudar no orçamento familiar. “Uma das imagens que tenho na minha mente é de sair cedo para vender picolés e por volta das 3 horas da tarde, quando já havia vendido tudo, ver meus amigos num bar comendo um lanche, enquanto eu, embora estivesse com fome, fui para casa sem gastar nem um centavo, pois meus pais precisavam daquele dinheiro. Minha mãe e meu pai ficaram tão felizes que quase caíram no choro. Mas sem eu perceber, os dois saíram e foram no centro da cidade fazer compras e voltaram felizes, isso me deu uma satisfação enorme”.

Daquela época em diante ele nunca mais parou de trabalhar. Embora tivesse talento em vendas, César exerceu outras atividades, como ajudante de pedreiro e pintor de paredes.

Mas a sua vida e a de suas irmãs ficaram sem alicerce e sem cor quando sua mãe faleceu. Ele tinha 14 anos de idade. “Foi um sofrimento horrível, pois logo meu pai se casou novamente e tanto eu quanto minhas irmãs tivemos que sair de casa. Elas foram para a cidade de Maringá, no Paraná, e eu continuei em Joinville. Fui morar em uma casa alugada, com mais dois rapazes que comiam toda a minha comida e ficavam jogando em bares. Mas eu tinha certeza de que iria mudar de vida”.

Por isso, mesmo enfrentando tantos obstáculos, César nunca parou de estudar. “Fiz muitos cursos técnicos e faculdade de análise de sistemas. Na época da faculdade ganhava só para o aluguel e mal dava para comer uma sopa instantânea ao dia. Eu pesava 55 quilos. Era só osso mesmo”.

Aprendendo com o fracasso

Se na vida profissional nada ia bem, na vida sentimental não havia do que reclamar. César conheceu e casou-se com Adriana (foto dos dois acima), que o ajudou muito. E a sogra acabou sendo uma mãe para ele. No início do casamento, ele voltou a trabalhar na área de vendas. Mesmo assim, passava muita dificuldade. A esposa já não acreditava que ele pudesse obter êxito e pediu para que desistisse dessa área.

Mas César decidiu continuar. Chegou a mudar para São Paulo, para trabalhar como vendedor. Mas não havia nenhuma premissa de mudança. “A minha última tacada foi ser vendedor em uma empresa de transportes. Fui admitido ganhando muito pouco. A empresa começou a prosperar me mandou para Curitiba e lá abrimos uma filial. Após 4 anos a empresa foi vendida. O novo dono desativou o meu departamento e eu fiquei novamente desempregado. E o pior: a empresa que comprou não pagou o meu ex-patrão. Fiquei por 2 meses sem saber o que fazer. Um dia meu ex-patrão me ligou. Havia uma pequena empresa à venda e ele me disse: ‘Quero que você vá lá e compre-a. Você acha que consegue transformar essa empresa pequena em uma grande empresa?’ E eu respondi que sim. E começamos a trabalhar”.

A pequena empresa de transporte de resíduos tinha dois caminhões bem velhos, que quase não andavam, e 25 caçambas. Mesmo trabalhando com afinco, o faturamento era pouco. E o fracasso batia à porta mais uma vez. “Meu patrão achou que não valia a pena continuar com a empresa e disse que iria fechar. Isso foi como uma bomba em cima de mim. Mais uma vez algo dava errado”.

Desiludido, César entrou no carro velho que tinha e ficou circulando pela cidade. A única pessoa que sabia o que se passava em seu coração era Deus. Foi quando o seu telefone tocou. Era de uma grande empresa, desesperada por um transporte grande. César então foi até lá e fechou um grande negócio. “Só que eles precisavam do trabalho com o caminhão para o dia seguinte. Eu fiquei perplexo, sem saber o que falar, mas sabia que Deus faria alguma coisa. Era como ter uma banda sem instrumentos”, relembra.

César foi até o antigo patrão e disse que tinha acabado de fechar um grande negócio, e ambos saíram em busca de um caminhão. Uma porta estava sendo aberta naquele momento, não só de esperança, mas também de realizações e de uma nova vida.

Vitória

Desse dia em diante, a vida de César teve uma mudança radical. A empresa em que ele trabalha, em Joinville, já atua há 25 anos na área de transporte de resíduos. “Possuímos 16 caminhões novos, 400 caçambas, 250 containers, máquina retro e mais cinco tipos de negócios agregados à empresa. Sou diretor comercial e tudo passa pela minha mão. Qualquer tipo de negócio em vendas da empresa tem que ter meu aval. Meu patrão fala que não sou funcionário e sim seu amigo, que muito o ajudou”.

César conta que tem uma vida próspera: “Possuo um sítio que desemboca no mar, que ganhei do meu patrão. Sou muito bem remunerado, tenho uma família abençoada, com três filhos maravilhosos. Eu conto minha história para meus filhos para que eles saibam o que passei e deem valor ao que conquistarem. Somos uma família feliz e estamos tentando passar isso para outras pessoas. Durante muito tempo eu conheci o fracasso. Achei que fosse um azarado. Mas a minha fé em Deus me mostrou que não basta só ter talento. Quando Ele está no controle, a gente aprende a ter vitórias.”

Por Elliana Garcia
eliana.garcia@arcauniversal.com
http://www.arcauniversal.com/

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